Pelo diploma de Jornalismo
Por Suzana Tatagiba – Num mundo de informação em tempo real onde jornalistas profissionais lidam com dados, fatos e informações vejo como um paradoxo a categoria ainda ter que lutar, como há 60 anos atrás, pelo direito de ter uma profissão que preze pela ética, pluralidade e pela formação acadêmica, como tantas outras profissões.
Recentemente, o Senado Federal com a aprovação da PEC do diploma buscou acertar a decisão obscurantista e equivocada do Superior Tribunal Federal que decidiu pelo fim da exigência do diploma de Jornalismo. Hoje não é preciso nenhum tipo de formação para o exercício do jornalismo. Quem perde com isso é a sociedade.
Infelizmente alguns poucos colegas jornalistas diplomados ainda insistem em afirma que para escrever (ser jornalista) “basta ter jeito para a coisa”. Lembro que informação jornalística não pode ser tratada de forma mercantilista e meramente tecnicista. Lembro, ainda, que o jornalismo é a profissão que Rui Barbosa chamou “de olho da Nação”, tamanha a sua importância.
Outra afirmação, propositalmente elaborada, é misturar o direito ao diploma de jornalismo com cerceamento de liberdade de expressão e de imprensa. Afirmação leviana, pois liberdade de expressão é o princípio básico de qualquer democracia e a tão sonhada liberdade de imprensa ainda está no campo do sonho. Basta uma rápida enquete nas redações para constatar isso.
Finalizo, lembrando que aprovação da PEC do diploma, no Senado, que segue agora para Câmara Federal continua garantindo a publicação de artigos e comentários técnicos por especialistas não jornalistas. Alias uma mistura que também se faz para confundir o cidadão.
Suzana Tatagiba é presidente do Sindijornalistas do ES
* Íntegra do texto enviado ao Jornal A Gazeta, que foi publicado com cortes e sem nexo algum na edição de domingo, 02 de setembro de 2012, na página de Opinião. O sindicato espera que seja um erro técnico e que o artigo seja republicado no jornal.