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Um corre-corre  de múltiplas experiências

Por Gisélle Paiva (*)

Minha trajetória começa em Colatina, onde nasci, vivi e estudei até o ensino médio e, de onde saí, em 1983, para minha  jornada na Universidade Federal do Espírito Santo (UFES),  como estudante de Comunicação Social.

Logo conheci o pessoal do diretório acadêmico naqueles tempos de muito movimento em defesa das eleições diretas e do retorno da democracia e, na  universidade, eu já acompanhava as ações do Sindijornalistas/ES.

O primeiro trabalho no jornalismo foi quase por  acaso. Meu professor, Ricardo Conde, era diretor da TVE e  levou um grupo de estudantes para conhecer a emissora que estava  precisando de pessoal.  De cara nos colocaram para fazer matérias.

Éramos um grupo de jovens jornalistas que trabalhou com afinco, mesmo sem remuneração, por quase um ano. Em 1987 fomos contratados mas, muitos de nós, buscou outro emprego porque o salário era baixo. Participamos de greves na TVE  reivindicando melhores salários e melhores condições de trabalho. Enfim…  uma luta que não acaba nunca.

Dois anos depois, em 1989, um grupo de repórteres foi feito refém na Casa de Detenção, na Glória, em Vila Velha, onde estávamos participando de uma coletiva sobre a rebelião dos presidiários. Foi  uma experiência muito difícil mas, no fundo,  importante para  nosso amadurecimento enquanto pessoas e profissionais!

No ano de 1991 ingressei na diretoria do Sindicato dos Jornalistas e comecei minha trajetória como sindicalista.

Depois que me casei e me tornei mãe, a vida ficou bem mais complicada. Trabalhava oito horas por dia e fiquei com a responsabilidade, também, de cuidar de minhas duas filhas e da casa, porque meu marido viajava muito. Foi uma barra.

Muitas vezes, sem ter com quem deixar, levava as meninas para a TVE porque eu apresentava um programa às onze da manhã e era, também, Chefe de Reportagem, o que me fazia chegar bem cedo na redação.

Muitas vezes, meu amigo, o jornalista Thelmo Scarpine, foi o cuidador das meninas enquanto eu apresentava o programa. Eu saía correndo pra casa, dava almoço, banho e levava para a escola.  Voltava correndo novamente para o trabalho e, no final do expediente, era outra aflição para buscar na escola, dar banho, janta e ajudar nas tarefas de casa ! Ufa!

Depois veio o período fora do Brasil. Meu marido foi transferido para o México e lá fomos nós. Morei no interior do país, uma região com muitos indígenas, natureza exuberante e uma cultura maravilhosa. Adorei a experiência!  Eram 100 quilômetros por dia para levar e buscar as crianças na escola, aprender um idioma com muitas palavras nativas…mas foi ótimo.

Quando retornei para o Brasil, meu marido ficou trabalhando no Rio de Janeiro, e nós três voltamos para Vitória para retomar escola, trabalho, enfim, recomeçar ! As dificuldades? As meninas, reaprendendo português, tinham jornada dupla, a correria mudou pouco, mas o negócio era enfrentar. E fomos  em frente!

Voltei ao movimento sindical, ao jornalismo, e não parei mais!!!! Ah, parei sim! Em agosto do ano passado me aposentei e disse que iria descansar, passear bastante e curtir a vida.

Sabe que no primeiro mês eu até fiz isso? Mas depois a vida foi trazendo novos enfrentamentos. E quer saber de uma coisa? A demanda aumentou!!!!

Mas ao  olhar para trás, até que não foi tão difícil. Sabe por quê? Acredito que nós, mulheres, somos feitas de uma material que não estraga nunca. Se caímos, levantamos, sacudimos a poeira e seguimos em frente.

Talvez por isso Deus nos deu a graça de parir, a força de trabalho para criar os filhos, com ou sem companheiro, e ainda nos olhar no espelho e dizer: Vim e venci!

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* Gisele de Paiva Rodrigues é formada em Comunicação Social pela UFES. Tem pós graduação em Auditoria e Gestão da Comunicação e Informação pela FAVENI. Trabalhou na TVE/ES, na TV Vitória e em assessorias de Imprensa. Atualmente é diretora do Sindijornalistas/ES.