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Banquete celestial

Por Jeanne Bilich – Consta da mitologia grega,  que confesso sagaz leitor, jamais me canso de reler cativa da criatividade, magia e beleza que destila – que o banquete dos deuses do Olimpo consistia na degustação do néctar & ambrosia. Ambrosia ou Manjar dos Deuses era um doce com divinal sabor, dotado, inclusive, de poderes curativos. Já a bebida resumia-se à ingestão do mais puro e oloroso néctar. Ambos – doce e bebida – exalavam tão aromática fragrância que poderiam ser usados como perfumes.

Pois suspeito, sagaz leitor, que no correr do recente caudal de feriados assinalados na cor vermelha-ócio do calendário, tenha desfrutado do privilégio ou ventura de regalar-me com as delícias gastronômicas dos deuses. Cardápio do Olimpo. Sim, senhor! Degustei finíssima safra de livros, produção de autores capixabas – nível de qualidade máxima -, páginas e mais páginas a espargir perfumados aromas do néctar & ambrosia.

“O Faxineiro”, romance de Álvaro José Silva, mescla ficção e realidade. Tal como realça Mestre Francisco Aurélio Ribeiro, na apresentação da obra, lê-se “de um fôlego”. E foi assim que o li. Vorazmente. A história começa com o personagem deambulando pela Cidade Alta, enquanto a memória o faz reviver o golpe militar de 1964. Um thriller policial que enlaça o passado histórico ao tempo presente, transitando por dois espaços: Vitória e São Paulo.  Impactantes os capítulos finais. Impossível fechar-se o livro, sagaz leitor.

Já a adorável trama de “A Capitoa”, livro recém-lançado da Mestra Bernadette Lyra – que dispensa comentários, pois, corre-se o risco da estultice do óbvio ao elogiar-se obra da Mestra das Mestras -, possui o condão de alçar o leitor à condição de privilegiado mortal banqueteando-se no Olimpo. Dulcíssima ambrosia encantatória, transportando-o para uma dimensão de quase magia: a história de três mulheres – Ana, Luiza e Antônia – que cruzam o oceano, em tempos diversos, fixando-se na capitania de Vasco Fernandes Coutinho. Uma delas, Luiza, ganhará a alcunha de “A Capitoa”. Autêntico néctar, sagaz leitor!

Quanto à terceira iguaria “Dois Graus a Leste, Três Graus a Oeste” do também Mestre Reinaldo Santos Neves, coletânea de crônicas – hum… Manjar dos Deuses – possibilitou-me conhecer personagem singularíssimo, criatura ficcional gestada na criativa mente do escritor: Garibaldi, amante do jazz, que dialoga com narrador dos textos, descortinando não só suas  dogmáticas predileções musicais, como sutilmente pincela a história cultural do Espírito Santo.  Delícia, sagaz leitor! E, no contexto acadêmico, destaco “Uma história Brasileira das Doenças”, organização de Sebastião Pimentel Franco, obra que explora nova vertente na historiografia nacional: as patologias do Brasil de ontem.

E, agora, o farto néctar dos deuses: os livros citados e inúmeros outros estarão à disposição do sagaz leitor, a partir da próxima quinta-feira, dia 15 até 18 de maio, quando da realização da I Feira Literária Capixaba, na Praça do Papa. Banquete celestial. Segundo o Mestre Francisco Aurélio, a produção literária anual no ES contabiliza 300 títulos, entre ficção, memória, poesia e informativos. E mais: realça “tratar-se de excelente oportunidade para que todos conheçam a literatura feita no Espírito Santo.” Quem duvida? Não eu, sagaz leitor, fidelíssima leitora dos talentos literários do Espírito Santo.  E não são poucos, hein?!

* Jeanne Bilich é jornalista