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Diretoria do Sindijornalistas/ES responde ao editor executivo de A Gazeta

Imagem AtivaConheça o posicionamento da diretoria do Sindijornalistas/ES sobre os últimos acontecimentos que envolvem a mídia capixaba e o sistema prisional no Espírito Santo.

 

A publicação no site do Sindijornalistas/ES de carta do Padre Xavier comentando o artigo assinado pelo editor executivo do jornal A Gazeta, André Hees, sobre o sistema prisional capixaba gerou pedido de divulgação de resposta por parte do jornalista. A diretoria desta entidade prontamente atendeu ao pedido do jornalista, em respeito à liberdade de expressão e à democracia em seus espaços.

Em seu texto-resposta, o jornalista afirmou que não há censura nos veículos de comunicação capixabas. A afirmação contesta o posicionamento do Sindicato. Diante disso, vimos reafirmar nossa leitura a partir de fatos que seguem.

Primeiramente, é preciso relembrar que o Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Espírito Santo é uma entidade que tem lado na luta de classes que, ao contrário do que pregam alguns, não acabou e nem terá fim no mundo capitalista. Nosso lado não é político eleitoral, ainda que dirigentes da entidade tenham suas opções políticas como é direito legítimo e incontestável de qualquer cidadão brasileiro. Nosso compromisso é classista.

Defendemos a democracia, a liberdade de expressão, a ética profissional, o respeito ao exercício profissional do jornalismo, os direitos trabalhistas, os direitos humanos, o direito à informação, entre tantos outros. É com base nesses princípios que atuamos, defendendo a vida digna também para aqueles que estão sob a tutela do Estado.

Infelizmente, o que as imagens já amplamente divulgadas na internet mostram são corpos esquartejados, a dignidade humana sendo aviltada, pessoas sendo humilhadas, maltratadas, mantidas em contêineres, enfim, tratados como lixo humano. Na verdade, deveriam estar cumprindo suas penas e sendo preparadas para a reinserção social. Não há, no nosso entendimento, números, estatísticas, comparações com o passado ou promessas e projetos de longo prazo que justifiquem tal
situação. Até porque não é apenas uma questão de vagas e estrutura física, e sim de projeto de ressocialização dos detentos. E ainda pesa sobre o atual Governo o fato de estar no último ano de dois mandatos.

Toda essa situação vem sendo denunciada pelos movimentos de direitos humanos há muito tempo e, de vez em quando, ganha as páginas dos jornais – a maioria das vezes em manchetes internas, como destacou o jornalista André Hees em seu artigo.

Esse caos levou a um pedido de intervenção federal no Espírito Santo feito pelo Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária em 2009. O Conselho ainda pediu a responsabilização dos representantes estatais pela omissão diante do quadro degradante do sistema carcerário.

Isso não é qualquer coisa. É o reconhecimento de um órgão do Ministério da Justiça de que a situação tornou-se insustentável. Perguntamos então: qual o veículo de comunicação capixaba da chamada “grande imprensa" que estampou essa manchete em suas capas? A cobertura, de um modo geral, deixou a desejar, com raras exceções de profissionais que ousaram furar o cerco.

O assunto voltou à tona na sexta-feira passada, dia 5 de março, quando o Conselho Estadual de Direitos Humanos tornou pública a informação de que a violação dos direitos humanos nos presídios capixabas seria tratada em evento paralelo da 13ª Sessão Anual da ONU, em Genebra.

Isso significa que o Brasil vai comparecer a um evento da ONU por causa do que está acontecendo dentro do sistema carcerário do Espírito Santo. Essa é a manchete que também não vimos nos jornais capixabas no final de semana.

A bolha estourou diante da não publicação da coluna do jornalista Elio Gaspari no jornal A Tribuna de domingo, dia 7. Os leitores do jornal não foram informados por quais motivos naquele domingo não leriam a coluna como era habitual.

A explicação não veio oficialmente da direção do jornal. Veio da constatação de que a coluna fora produzida e saiu normalmente nos jornais nacionais que detêm o direito de reprodução. O título da coluna "As masmorras de Hartung apacerão na ONU" já dava a pista dos motivos da censura por aqui.

A segunda-feira despontou e, novamente, nenhuma palavra nos jornais capixabas sobre a ida do Brasil a Genebra por causa do caos no sistema carcerário do Espírito Santo. Mas, nesse momento, os leitores mais atentos começaram a cobrar.

Só na terça-feira, dia 9, o assunto conquistou o status de notícia no jornal A Gazeta. O título da matéria, porém, já deixava claro que era a voz governamental se justificando. Ao invés de dizer ao leitor, repetimos, que o Brasil vai comparecer a um evento da ONU por causa da violação dos direitos humanos no sistema carcerário do Espírito Santo, a matéria tratava das iniciativas do Governo do Estado – iniciativas essas que não resolveram os problemas -, o que resultou na discussão internacional.

Em A Tribuna o silêncio continuou. Os leitores também não foram informados que, a partir de então, o jornal capixaba estava proibido pelo jornalista Elio Gaspari de publicar sua coluna. Ele retirou os direitos de publicação após saber que A Tribuna simplesmente optou por não levar a público sua opinião sobre o caso capixaba.

Se não há censura e blindagem do Governo Paulo Hartung nos jornais capixabas, o que explica que um acontecimento que obedece aos vários critérios de noticiabilidade – como proximidade do tema, número de pessoas que atinge, atualidade, identificação social, intensidade e ineditismo – não tenha virado notícia de imediato no Espírito Santo? Por que A Gazeta só deu a matéria na terça-feira, após a publicação fora do Estado, se o release foi distribuído na sexta-feira anterior? Por que até o momento nada saiu em A Tribuna?

Ao que tudo indica, nem a concorrência está fazendo alguns jornais se mexerem quando o assunto em pauta é a crise no governo de Paulo Hartung.