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Em palestra, profissionais defendem melhorias na cobertura política da mídia

 Cobertura Política da Mídia. Esse foi o tema da palestra ministrada pelo jornalista Sylvio Costa, diretor do site Congresso em Foco, que faz cobertura do Congresso Nacional e dos principais acontecimentos políticos de Brasília. A palestra foi realizada na última terça-feira (21), no auditório do Radisson Hotel, e foi seguida de uma mesa redonda sobre o mesmo tema, com jornalistas das emissoras de TV do Espírito Santo.

 

Mais de 200 pessoas participaram do evento. Para a secretária geral do Sindijornalistas Sueli de Freitas a escolha do tema foi importante na mobilização dos participantes. “O tema chama atenção da categoria, não somente de profissionais, mas também de estudantes”, diz Sueli.

Segundo Sylvio Costa o Congresso em Foco tem como um dos seus objetivos fazer uma cobertura política diferente da que é feita tradicionalmente pela imprensa brasileira. “A cobertura política normalmente se preocupa com a árvore, enquanto nós nos preocupamos com o fruto. Busca-se cobrir grandes temas, como Câmara e Senado. No Congresso em Foco acompanhamos o trabalho individual dos parlamentares, como assiduidade, uso de verbas indenizatórias, acompanhamento de patrimônio pessoal, concessões de rádio e TV etc”, explica.
 
Outro objetivo do Congresso em Foco, de acordo com Sylvio Costa, é estimular as pessoas a conhecer o funcionamento do Congresso. Dessa forma, busca-se contribuir para o exercício da cidadania. “Existe uma visão simplista de que todos políticos são iguais. E não é por aí. Por isso é preciso mostrar o trabalho desenvolvido pelos parlamentares como forma de melhorar a nossa representação”, afirma Sylvio Costa.
 
Uma das coberturas feitas pelo Congresso em Foco é o levantamento do número de parlamentares processados. Feito regularmente desde 2004, quando foram encontrados 45 políticos nessa situação, o levantamento aponta que atualmente existem 168 parlamentares processados. Segundo Sylvio Costa, essa cobertura trouxe algumas mudanças no cenário político brasileiro. “Acredito que a informação pode mudar muita coisa. Depois desse levantamento outros meios de comunicação passaram a abordar essa temática. Isso culminou na luta do Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral (MCCE) pela criação e aprovação do projeto Ficha Limpa”, relata.
 
Segundo Sylvio Costa, o Congresso em Foco também tem como prioridades abrir espaço para a pluralidade e confronto de ideias. O Site já ganhou vários prêmios, entre eles o Esso (2009) na categoria melhor contribuição à imprensa, Troféu Tim Lopes (2009) e Troféu Vladimir Herzog (2008 e 2009). O estudante de jornalismo da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) Pablo Rezende de Britto achou a palestra uma iniciativa importante. “Faz com que os profissionais reflitam sobre a sua atuação no que diz respeito à cobertura de temas políticos”, afirma.
 
Mesa Redonda

 
Mediada pelo professor do Departamento de Comunicação Social da Ufes e coordenador do Observatório da Mídia Regional Edgar Rebouças a mesa redonda contou com a presença do coordenador do núcleo de rede da TV Gazeta André Junqueira, do editor chefe da TV Vitória Alexandre Carvalho, da editora chefe do Jornal Capixaba Luciane Freitas e do editor chefe da TV Tribuna Antônio César.  
 
Abrindo a mesa redonda, a presidente do Sindicato dos Jornalistas Suzana Tatagiba questionou sobre algumas práticas comuns na cobertura política que contribuem para a falta de interesse da sociedade pelo tema. “Muitas vezes a política é retratada como algo ruim, nocivo. Não podemos colocar os políticos no mesmo balaio. Fala-se do trabalho da Câmara e do Senado, por exemplo, enfocando somente as coisas negativas, sendo que sem essas casas não há democracia”, questiona.
 
Segundo André Junqueira um dos desafios da imprensa é fazer com que as pessoas tenham interesse pela política. “A política é vista como negativa por toda a população. As denúncias fazem as pessoas perderem o interesse pelo assunto. Quando se fala em política as pessoas mudam de canal”, diz. Para André Junqueira, cobertura política não é somente cobrir as eleições. “A cobertura política também se dá mostrando as falhas dos serviços prestados à população. Como no quadro ‘Prometeu Cumpriu’, no qual denunciamos o problema de uma determinada comunidade e buscamos uma resposta das autoridades competentes. Posteriormente voltamos para ver se cumpriram com o que foi prometido. Isso é cobrar, questionar”, diz André.
 
O editor chefe da TV Tribuna também defendeu a mesma ideia. “Na Tribuna há o ‘Qual é a Bronca’, no qual ouvimos as reclamações das comunidades e procuramos os órgãos competentes”, afirma. Para o editor chefe da TV Vitória Alexandre Carvalho a cobertura política nas emissoras de TV deixam a desejar. “Não há cobertura política na TV nem em lugar nenhum. O que há é cobertura de eventos políticos. Fazemos cobrança razoavelmente bem, mas não fazemos debate de ideias. E é na TV que esse debate deveria acontecer, pois ela é a principal mídia, já que está em 95% dos lares”, defende.
 
Para a editora chefe do Jornal Capixaba a lei eleitoral dificulta a cobertura política. “A lei é mais rigorosa com as TVs”, afirma. Segundo Luciane Freitas, um bom instrumento para conhecer os candidatos são os debates. “Por meio deles podemos cobrar posicionamentos dos quais os candidatos não falam em seus programas eleitorais”, explica.
 
Após a mesa redonda, o público pôde debater o tema com os participantes. Alguns dos questionamentos apresentados pelo público foram sobre a cobertura política por meios de quadros como ‘Qual e a Bronca’ e ‘Prometeu Cumpriu’. “Esses quadros são imediatistas, não evoluem na reflexão sobre de que forma a situação daquela comunidade deve ser mudada a partir de nossas escolhas”, acredita Sueli de Freitas.  
 
O evento foi uma realização do Sindijornalistas em parceria com a Arcelor Mittal. O próximo evento do Sindijornalistas deverá ser realizado em Cachoeiro de Itapemirim. "Nosso objetivo é por meio de eventos como esse, aproximarmos de nossos jornalistas. E contribuir para a reflexão do jornalismo que tem sido produzido atualmente" afirma Douglas Dantas, secretário de comunicação do Sindicato.